A exploração do trabalho de uma parte da sociedade por outra cria, pela primeira vez na humanidade, antagonismos determinados pelo papel econômico exercido pelo indivíduo no grupo. É importante notar que não se está falando de divergências pessoais, questões subjetivas, mas de oposição socialmente determinada, portanto impessoal. O sacerdote não explorava o artesão pelo fato de ser, pessoalmente, um mau elemento, de possuir um mau caráter. Ele, na verdade, desempenhava o papel de organizador do processo de trabalho, em nome de cuja racionalidade agia. Havia, contudo, uma contradição aqui: os sacerdotes representavam um deus determinando, um templo determinado, não uma região, uma cidade. Os trabalhos públicos, os grandes empreendimentos não religiosos como -- principalmente, a construção de canais eram atividades que afetavam regiões ligadas a vários templos.
Surgimento dos reis
Por isso é que surgiram os dirigentes não vinculados aos templos, aqueles que mais tarde iriam se tornar os reis. Com os reis, os sumérios tinham também um chefe para as guerras, que eram atividades muito úteis tanto para a iniciativa comercial quanto para a obtenção de novas terras. Não é de acreditar que o rei tenha rompido com a religião. Pelo contrário, ele passa a atuar junto com ela. Dá dinheiro para construir ou decorar templos, fornece matéria-prima e às vezes até mão-de-obra. Em troca, busca a legitimação de seu poder, que, surgido dos homens, vai adquirindo caráter divino, fórmula que se tornou frequente na humanidade.
Representante dos deuses, o rei recebia a maior parte das terras do clã, além de impostos que eram a forma alternativa dos presentes oferecidos aos chefes tribais. Em casos de guerras, cabia-lhe a parte do leão dos saques efetuados, o que provocava uma concentração de riqueza maior ainda. Nesse período não há ainda algo que se pareça com unificação política: as cidades são independentes do ponto de vista político, embora interdependentes economicamente e extremamente homogêneas do ponto de vista cultural.
Ao contrário do Egito, em que a uma cultura unificada corresponde uma chefia única, na Mesopotâmia isso não ocorrerá tão cedo: pelo contrário, assistimos a um desfilar de reinos e reis que lutam entre si, não pela hegemonia, mas por um espaço político-econômico. A cultura, entretanto, estava em plena ebulição. Administrar uma cidade exigia mais que disposição e procuração divina: exigia instrumentos adequados, que se desenvolveram de forma notável na Mesopotâmia.
Construções
Os povos da Mesopotâmia são as civilizações que se desenvolveram na área das terras férteis localizadas entre os rios Tigre e Eufrates, na região atual do Iraque. Entre eles estão os sumérios, os assírios e os babilônios. Os mesopotâmicos consideravam “o ofício de construir” um dom divino ensinado aos homens pelos deuses e a arquitetura se desenvolveu na região. A escassez de pedras e madeira no local fez dos tijolos cozidos ao sol e da argila o material de construção mais usado.
Existem três fatores principais que contribuem para o estilo da arquitetura da Mesopotâmia:
ü A organização sociopolítica das cidades-estados sumérios e dos reinos e impérios que as sucederam.
ü O papel da religião organizada nos assuntos de Estado da Mesopotâmia.
ü Influências do ambiente natural: as limitações impostas ao artista e ao arquiteto pela geologia e clima da região.
Os materiais de construção na Mesopotâmia
Barro: O barro formado às margens dos rios Tigres e Eufrates era a matéria prima usada na arquitetura da Mesopotâmia. Poderia dar origem ao tijolo seco ao sol (adobe), ou cozido, raro por causa da escassez de madeira na região. Os Sumérios acreditavam que o barro foi o material usado pelos deuses para moldar os seres humanos, por isso ao trabalhar com barro estariam honrando os deuses.
Pedra: Embora as pedras fossem escassas, havia uma pedreira de calcário na região. Sua extração e transportes eram caros, por isso, eram usados apenas em templos, esculturas e joias. Betume: O betume que jorrava facilmente da terra era recolhido e usado como argamassa e na impermeabilização de tijolos.
Construção de templos e o nascimento do Zigurate
O templo é
o primeiro edifício com estrutura sólida na Suméria. No período arcaico era
pequeno, com uma única sala oval ou retangular. Com o tempo estes templos foram
assumindo formas mais complexas e desenvolvidas, incorporando estruturas
escalonadas que são conhecidas atualmente como Zigurate.
O Zigurate é uma forma de templo, criado pelos sumérios, e comuns para babilônios e assírios. Era uma estrutura maciça em forma de pirâmide com vários andares sobrepostos, com um templo no topo. O interior era feito de tijolos queimados, mais resistentes, enquanto o exterior era feito com tijolos cozidos ao sol, mais fáceis de serem produzidos porém menos resistentes. O acesso ao templo, no topo do zigurate, era feito por rampas ou escadarias. Apesar da semelhança com as pirâmides do Egito, sua estrutura interna e finalidade são bem diferentes: os zigurates não possuem câmaras internas e são templos religiosos destinados à moradia dos deuses, diferente da complexa estrutura das pirâmides. Apesar da proximidade e semelhança com as pirâmides do Egito Antigo, eram construções com estrutura interna e finalidade bem distinta. As pirâmides egípcias são estruturas complexas com a destinação mortuária do representante dos deuses na terra, o faraó, sendo a maior delas a pirâmide de Queóps, localizada no Complexo de Gizé com a sua imensa esfinge. Os zigurates, por sua vez, não possuíam destinação mortuária nem a vaidade do poderio faraônico, sendo templos religiosos destinados à moradia dos deuses e à observação dos astros. As cidades costumavam crescer ao redor desses templos-cidades, irradiando, assim, a fervorosa religiosidade do seu povo. A título de curiosidade: os sumérios teriam descoberto cinco planetas!
A origem dos Zigurates é apontada como vinda dos misteriosos e incríveis sumérios e logo teria se alastrado aos demais povos da região, sendo erguidos às dezenas entre 2200 e 500 a.C.. As construções eram feitas com tijolos queimados através da sobreposição de plataformas, que contavam com escadarias circundando a estrutura. Atualmente, ao menos vinte construções do tipo resistem ao tempo e a maior delas se encontra em Chogha Zanbil, no Irã, onde impõe dimensões 24 metros de altura por 100 metros de base.
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